A vocação do Carmelo é um compromisso de "viver em obséquio de Jesus Cristo, meditando dia e noite na lei do Senhor e velando em oração". Fiel a esse princípio da Regra primitiva, a Santa Madre renovou o apelo dos antigos padres do Monte Carmelo para contemplação e pôs a oração como fundamento e exercício primordial da vida de suas filhas.
É por isso que a Igreja pede e espera que cada mosteiro teresiano viva intensamente o mistério da oração contemplativa, oferecendo um testemunho exemplar dela em meio ao povo de Deus. (Constituições 1991, N° 60)
Ao fundar o Carmelo Descalço, Santa Teresa não falou de horas de oração, mas sim de uma vida de oração, por isso em todo nosso dia procuramos manter um clima de oração próprio da nossa vocação. Podemos dizer com o Cântico dos Cânticos "Eu durmo, mas meu coração vela". Surge daí a necessidade de silêncio e solidão, do recolhimento interior e exterior, da separação do "ruído mundano" que pode interferir em nosso encontro contínuo com Deus.
A oração-vida inclui a liturgia, a oração pessoal, a lectio divina e a leitura espiritual, além da constante união com o Senhor durante todo o dia, tanto no trabalho como na vida fraterna. Para Santa Teresa orar é "um trato de amizade com quem sabemos que nos ama" e a amizade não é de momentos específicos, mas presença espiritual constante.
Frei Patrício Sciadini, ocd
O caminho do método da oração carmelitana é o mais simples de todos. “Quando o coração reza sempre responde: “A oração é um íntimo diálogo de amor com Aquele que sabemos que nos ama” (Santa Teresa). Ou “um olhar lançado para o céu, um desabafo do coração” (Santa Teresinha). “Procurai lenda e encontrareis meditando; batei orando e abrir-se-vos-ão contemplando” (São João da Cruz).
1- Uma determinada determinação de rezar. Decidir-se a rezar todos os dias, em todos os momentos, determinar um tempo para a oração diária, para “estar a sós com aquele que sabemos que nos ama”. Não desistir.
2 - Preparação remota: criar um ambiente externo de “silêncio e recolhimento” e um ambiente interior: “presença de Deus, atenção aos sinais dos tempos e dos lugares que nos falem de Deus”, para saber reconhecer Deus que nos visita.
3 - Preparação próxima: um pouco antes da oração desligar-nos de tudo o que pode nos perturbar, preocupar. Todo encontro que é amor se prepara com antecedência e se deixa tudo por ele. Saber dar espaço para que Deus bata à nossa porta. Ele quer entrar e estar conosco no nosso “castelo interior”.
4 - Presença de Deus: é o momento importante quando, invocando o Espírito Santo, nos dispomos a rezar. Reza-se, rezando. É o Espírito Santo o mestre da nossa oração, deixe que ele reze em você. Invocar o Senhor.
5 - Leitura meditativa: é sempre bom se ajudar, quando o coração está árido, com uma leitura, preferencialmente a Bíblia, ou outro livro. Santa Teresa sempre levava um livro na sua oração. Ler lenta-atenta-amorosamente para saborear a palavra de Deus.
6 - Meditação: refletir e aplicar à nossa vida a palavra lida. Um trabalho da mente muito importante. Deus nos fala e quer que nós compreendamos a sua palavra de amor. É sempre importante escolher um tema para meditar. A improvisação em nenhuma coisa é boa, também na oração não ajuda.
7 - Diálogo afetivo ou amoroso – “coração da meditação carmelitana”: deixar expandir o coração, falar com Deus a partir da vida, do cotidiano, não ter pressa, não ter medo, dizer ao Senhor que nos ama tudo o que se passa em nosso coração. É o face a face. É o deixar-se amar por Ele.
8 - Compromisso: todo encontro oracional deve ser confirmado, consagrado num compromisso concreto, viável, que fecunde a nossa vida e nos torne sinais verdadeiros da presença de Deus. Evitar compromisso teórico e barato. O que hoje quero fazer a partir da minha meditação?
9 - Agradecer: depois de todo encontro de amor, de amizade, sentimos a necessidade de agradecer. Pode agradecer com o seu coração, com suas palavras ou com textos que lhe fazem bem: “Magnificat, Pai-nosso…”.
10 - Voltar ao trabalho: com o coração novo, com empenho e compromisso. Depois da oração não estamos mais sozinhos. Deus vai conosco, as três pessoas da Trindade trabalham conosco. É vida nova, é paz, compromisso, amor concreto.
Se todos os dias formos fiéis a este caminho de oração, em pouco tempo a nossa vida será transformada, comprometida.
“Na realidade, a oração é um descanso, um repouso. É aproximar-se com toda a simplicidade daquele que se ama. É permanecer junto a ele como um filhinho nos braços de sua mãe, num abandono do coração”
(Santa Elisabete da Trindade).